sexta-feira, 27 de março de 2009

Piada do dia


"Não vejo sentido em estar presa novamente. Não represento perigo para a sociedade. Este processo começou há quase três anos. Minha vida foi revirada. Fui presa por um crime tributário cujas multas já haviam sido lavradas e estavam sendo pagas"
"Vocês acompanharam tudo e viram que enfrentamos muitos problemas, fechamos lojas, demitimos 500 funcionários, mas observaram também que as mesmas lojas estão sendo reabertas e muitas pessoas foram recontratadas (...) A Daslu continua a ser uma referência internacional na moda. Um motivo de orgulho para mim e um exemplo do que o Brasil pode dar ao mundo."

Dona da Daslu que sonegou 1 bilhão de impostos e está condenada a 94 anos e 6 meses de prisão

Isso foi tirada do Site Msn Brasil...

Não minha querida... claro que você não é um perigo para a sociedade! Normalmente um "mero mortal" que sonegasse 1 bilhão de reais ia ser considerado um "psicopata" que rouba uma imensa quantia sem pestanejar ou ter colapsos emotivos. Ou seria um lascado que não teria nada a perder e com sérios problemas mentais ... mas esse não é o seu caso, né? A Daslu deve continuar (segundo a dona) sendo referência internacional da moda porque mostra a verdadeira face do "jeitinho brasileiro".A combinação perfeita entre Corrupção, fraudes e Habeas Corpus. A empresa mais jactante do Brasil não ficaria fora de moda, óbvio. E sabe como é, os estrangeiros ADOOOORAM problemas dos países pobres!Vamos ver o que vai acontecer dessa vez...


domingo, 22 de março de 2009

Frase + Rumo de Maria

"Fomos sempre governados por homens letrados, que conseguiram construir o país mais desigual e injusto do mundo sem cometer um erro de concordância"
Luís Fernando Veríssimo, em entrevista a Caros Amigos

Maria segue o rumo e
o mundo a segue-a
O mundo roda como um
balão de hélio
Toca nas têmporas de Maria
-mas a menina pensa que é chumbo-
E assim, o mundo a segue-a
Até que alguém a liberte
Liberte-a desse mundo que, as vezes, indigesta

domingo, 15 de março de 2009

Os boleros da avó

Minha vó era uma desatualizada, assim como normalmente são as avós. Só não era mais desatualizada que déspota diante de uma revolução. Minto; ela só não era mais desatualizada que o bairro do Campo Grande, com suas fachadas de "O petróleo é nosso" e "Abaixo a ditadura". Porém ela continuava a desfrutar da presente glória de um passado de meio século. Os seus boleros já faziam parte da casa, tanto quanto a tinta da parede ou o carpete mofado que envolvia o piso. A senhora se balançava ao som de Orlando Silva, se embriagava no sotaque de Dalva de Oliveira e consumia uma paixão perdida pela voz grave de Nelson Gonçalves. Suas quebranças de quadris, seus remelexos sem fim, os olhos fechados que parecia estar rezando, tudo antes me entediava. Depois comecei a ver arte naquilo tudo. Escrevi até teses, queria saber que mundo mágico é esse que os mais velhos não conseguem sair. O tempo do rádio, das fotos preto e branco e do casuísmo feminino. A bixinha se renovava a cada dia por algo que nunca mais se renovaria. Pois se até de Chico Buarque ela reclamava, alegando que o mesmo transgredia à boa música brasileira, que dera outros estilos musicais que nem fazem questão de manter a qualidade de outrora.Meus discos eram descartados antes mesmo de passarem pela porta da casa.
Um dia a avó faleceu. A notícia me deixou triste, mas nem tanto. É a ordem natural das coisas.O funeral não tinha tantos choros, ao passo em que não tinha também muitos risos. Acho que a avó já premeditava sua morte, pois antes de seu suspiro final ela escreveu uma carta a cada familiar.A minha mãe ela deu gratidão. A minha tia ela mandou um beijo fraterno. Ao meu pai, que foi seu grande amigo, ela desejou segurança. Porém a mim ela deu algo concreto: a coleção de seus cds antigos. Estava escrito na carta que ela não precisava mais das vozes de seus principais ídolos, pois iria conhecê-los pessoalmente no céu. Avó era legal e remexia bastante. Cada vez que eu vejo uma pessoa dançando a música com os olhos fechados ou se apaixonando mais de uma vez pela mesma canção, eu me lembro dela.