terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Em Recife

Cheguei em uma tarde de noite, pois o sol já não estava mais lá. Acho que era umas 17:30. Passei minha estadia em uma casa de música. Dormia com um estilo clássico a la Bethoveen e acordava ao som do jazz de Miles Davis. Com o som já preso na minha orelhas, as pernas já começavam a se perambularem no lugar.Dormia em uma biblioteca, onde não faltava um clássico sequer da literatura brasileira: de Machado de Assis a Vinícius de Moraes.
As horas da prova eram diferentes das daqui. Existiam mais palhaços, querendo que a gente entrasse nos circos deles. Não queriam nem saber que talento a gente tinha. Mas deixa pra lá, se eles são tão bons, pra quê tanta propagando assim,né?
A minha prova do primeiro dia foi feita ao som da melodia insistente do elevador - piiiiiu, puuuu-; no segundo dia, o som variou, tornou-se um miado de gato.Um gato muito estranho por acaso, acho que tava com fome, tadinho.Os barulhos intercalavam em intervalos de 5 minutos.Ninguem aguentava mais aquele lugar.
Porém, chegou certo momento que eu tive que encarar uma certa casa.Eu não queria. O tal lugar estava velho, carcomido pelo tempo, roído pelos anos. Haviam os moradores, e em suas têmporas escancarava o cansaço de um relógio rodado tantas vezes. Esperavam algo, porém eu não queria esperar com eles. O problema é que, sem saber nem perceber, nós sempre acabamos esperando juntos. É
um problema terminal. Diante de tudo isso me disseram que, a medida que as pessoas envelhecem, elas se desligam gradativamente do mundo. É um mecanismo natural da natureza, para que as elas fiquem menos apegadas as coisas. E as pessoas esperam, pois não tem mais ao que se apegar. Agora, é só fazer isso.E cada vez mais a espera fica mais angustiante - refletia eu sobre isso enquanto via o piscar da placa luminosa de uma padaria.

Eu só tenho uma foto da viagem

Sou eu com Ascenso Ferreira, um grande escritor de lá. Dono do poema Filosofia:











" Hora de comer — comer!

Hora de dormir — dormir!

Hora de vadiar — vadiar!

Hora de trabalhar?

— Pernas pro ar que ninguém é de ferro!
"

Aí eu estava de frente ao Cão sem plumas, o famoso rio Capibaribe descrito tão minunciosamente pelo João Cabral de Melo Neto.

6 comentários:

Gabriel Carvalho disse...

gostei do texto...

Samory Santos disse...

Só tenho algo a dizer-te: miau!

aisha disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
aisha disse...

Oh, que bom que você se divertiu na sua viagem. Tomara que tenha passado!
Beijos

Fabrício de Queiroz disse...

Adorei o seu blog. Muito tempo que não vejo um blog tipo... só pra ser blog. As pessoas ficam inventando ou oferecem um tom muito sério para coisa... ou, quando tentam ser blog, muitas vezes deixam de ser... digamos... inteligente, atrativo (falta de palavra melhor).

Carta de Amor é muito show, li mais de uma vez. Modesto mas parece que mereceu alguma atenção quando você o transcreveu (pois acho que já o tinha escrito no fundo de algum caderno).

Seguindo o exemplo de uma de suas postagens, vou citar Saramago também, do livro A Caverna: "Os jovens não sabem o quanto podem e os velhos não podem o quanto sabem."


Abraços

Antônio disse...

Fui em Recife duas vezes e não me lembro de quase nada. Ainda tenho até hoje o guarda-chuva do Frevo =)
E,infelizmente,eu tenho que discordar de você acerca do axé. Ainda existem os pagodeiros.