quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Estou agoniada por ter apenas um texto em meu blog! Quem está lendo esse, por favor, dê a atenção ao outro pobre coitado abaixo, que postei ontem. Pena que não dá para atualizar todos os dias...
Eu fiz esse texto no primeiro ano, quando estava estudando filosofia...

Sim, o mundo é a caverna de Platão. Estamos sentados, frente a um show de ilusões e sombras, causando um êxtase pungente que nos inebria e acolhe as nossas faces. Parece que o coelho estampado nas rochas úmidas é real. Será? Ninguém sabe mais o que é real.A compaixão, antes um padrão a ser seguido, virou um objeto de estudo analítico.

...

O coelho agora muda as suas formas, cobre as faces e torna-se um show de luzes e magia. O brilho do espetáculo resplandecia dos olhares do público, presos um ao outro pelas algemas em seus pulsos. Chegavam a tal ponto que piscar delicadamente seria um disparate, fato que fez as lágrimas percorrerem pelos seus rostos. O calor humano era abafado pelas belezas atrativas daquele jogo de luz. Não havia mais quem olhasse para o lado. Os outros, simplesmente, perderam a graça.
Um garoto cujos braços são longos e finos conseguiu libertar suas mãos das algemas já enferrujadas pelo tempo. Tentou se levantar, porém, não sentia mais as suas pernas, fruto de longos anos sentado no mesmo lugar. Depois, sentido-as e libertas da câimbra, conseguiu se erguer vagarosamente e andar para o fim da caverna. Seus olhos, não acostumados pela luz que reluzia fora da caverna, levaram certo tempo para sentir a luminosidade sem que ardessem. “Meu Deus!” – exclamou o garoto, vendo tal aparição nunca antes observada. “Que... coelho feio!”. O menino descobriu que o coelho, no qual a sua sombra estava estampada nas rochas no fundo da caverna, era na verdade um homenzinho dentuço de orelhas pontudas. O garoto sentiu asco, por isso não se entusiasmou em ir mais além. Voltou para a caverna e sentou novamente no local onde estava.
“Como foi?” – indagava os amigos, sem entusiasmo. O garoto olhou, enquanto recolocava as algemas em seus pulsos, viu pela primeira vez o rosto de seus amigos. Sentou-se, espreguiçou-se e disse, conformado:

“É, né?...”.


2 comentários:

Felipe disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Felipe disse...
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