Cheguei em uma tarde de noite, pois o sol já não estava mais lá. Acho que era umas 17:30. Passei minha estadia em uma casa de música. Dormia com um estilo clássico a la Bethoveen e acordava ao som do jazz de Miles Davis. Com o som já preso na minha orelhas, as pernas já começavam a se perambularem no lugar.Dormia em uma biblioteca, onde não faltava um clássico sequer da literatura brasileira: de Machado de Assis a Vinícius de Moraes. As horas da prova eram diferentes das daqui. Existiam mais palhaços, querendo que a gente entrasse nos circos deles. Não queriam nem saber que talento a gente tinha. Mas deixa pra lá, se eles são tão bons, pra quê tanta propagando assim,né? A minha prova do primeiro dia foi feita ao som da melodia insistente do elevador - piiiiiu, puuuu-; no segundo dia, o som variou, tornou-se um miado de gato.Um gato muito estranho por acaso, acho que tava com fome, tadinho.Os barulhos intercalavam em intervalos de 5 minutos.Ninguem aguentava mais aquele lugar. Porém, chegou certo momento que eu tive que encarar uma certa casa.Eu não queria. O tal lugar estava velho, carcomido pelo tempo, roído pelos anos. Haviam os moradores, e em suas têmporas escancarava o cansaço de um relógio rodado tantas vezes. Esperavam algo, porém eu não queria esperar com eles. O problema é que, sem saber nem perceber, nós sempre acabamos esperando juntos. É um problema terminal. Diante de tudo isso me disseram que, a medida que as pessoas envelhecem, elas se desligam gradativamente do mundo. É um mecanismo natural da natureza, para que as elas fiquem menos apegadas as coisas. E as pessoas esperam, pois não tem mais ao que se apegar. Agora, é só fazer isso.E cada vez mais a espera fica mais angustiante - refletia eu sobre isso enquanto via o piscar da placa luminosa de uma padaria.
Eu só tenho uma foto da viagem
Sou eu com Ascenso Ferreira, um grande escritor de lá. Dono do poema Filosofia:
" Hora de comer — comer!
Hora de dormir — dormir!
Hora de vadiar — vadiar!
Hora de trabalhar?
— Pernas pro ar que ninguém é de ferro!"
Aí eu estava de frente ao Cão sem plumas, o famoso rio Capibaribe descrito tão minunciosamente pelo João Cabral de Melo Neto.
Querido Sicrano, nosso amor é forte Como um leão do norte Não existe leão no hemisfério setentrional Mas a rima é boa, e uma enrolada não faz mal
Eu poderia meu amor, até citar Vinícius de Morais Com aquele soneto da fidelidade que ninguém agüenta mais Posso arranjar até palavras bonitas Digo que o mundo é nosso... Claro, se ele custar uma pechincha
Amor de minha vida, razão de meu viver Na verdade, antes estava fazendo essa poesia só pra te comer Mas agora, percebo que o nosso amor é muito profundo E é maior que a ficha criminal do Edmundo
Você é o ar que eu respiro Temos uma ligação transcendental Agora só falta fazer umas rimas de alternativo Que meu poema fica legal Você é a designação de meu eu conjugado ao não existir cósmico
O quanto eu te amo, não cabe em uma poesia Mas deixa pra lá, você conhece a velha sina Quando você me der um pé na bunda, e pegar a minha prima Eu me esqueço de todo o amor, e vou viver outra paixão bandida